Fissura no prédio histórico do governo do Paraguai mostra força do ataque brasileiro à Assunção

A fenda pode ser vista em uma das paredes voltadas para o rio Paraguai e se estende a vários metros do subsolo da imponente e histórica estrutura.

Palácio de Lopez, às margens do Rio Paraguai, no centro histórico de Assunção.

No porão do Palácio de Lopez, sede histórica do governo paraguaio, pode-se ver o muro de arrimo feito pelo engenheiro militar austro-húngaro Morgenstern que permitiu resolver o desnível que a cidade de Assunção tinha naquela época.

O valor histórico dessas muralhas está relacionado à fortaleza de Humaitá (Departamento de Ñeembucú) formada por muros de pedra significativos para a história do país.

Os trabalhos de intervenção e restauro permitiram recuperar a antiga estrutura que ficou por baixo das camadas de paredes e reboco que foram sobrepostas ao longo dos anos para instalar os gabinetes dos governantes.

Um detalhe importante e significativo é a presença de uma fissura que se ergueu do subsolo e percorre toda a extensão do edifício, um setor que se recusa a apagar uma parte misteriosa da história do Palácio de López.

“Fizemos todos os estudos para descartar qualquer tipo de causa. Verificamos que não é um problema de assentamento do solo e que não há causa ativa”, explica o especialista José María Calvo.

Para reforçar a estrutura dos arcos desse setor, usaram fibras de carbono e a recomposição das paredes que foram liberadas.

Entre as hipóteses das causas da fissura, supõe-se que a ala oeste do prédio foi fortemente atacada durante a invasão brasileira da cidade de Assunção e que poderia ter sido causada pelo tiro de canhão que veio do Rio Paraguai.

As tropas brasileiras ocuparam e saquearam a capital Assunção, em 1° de janeiro de 1869, durante a Guerra do Paraguai.

“Existem documentos gráficos do Paraguai Independiente onde temos perdas materiais, principalmente as cornijas superiores que verificamos. Há pedras naturais e pedras artificiais que fizeram parte da recomposição que foi feita para a primeira grande restauração do Palácio do Governo”, explicou o arquiteto.

Calvo mencionou que o solo neste ponto em particular tem essa dureza e normalmente é cimentado. Eles tiveram que cavar com uma picareta de ferro para alcançar a base da fundação.

“Nenhuma fratura foi observada na fundação e a partir disso podemos dar esse tipo de hipótese. O esforço tinha que ser externo ao solo (ataque sofrido durante a guerra)”, lançou uma primeira conclusão.

Fonte: Última Hora

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