Lembramos de nossa infância em Itapiranga (SC) … Éramos cercados de magia, apesar das dificuldades, porque ele construía todos os nossos brinquedos. A rua com pernas-de-pau, carrinhos de rolemã, triciclos, bodoques, arcos, flechas, índios e cowboys. A bola sempre no pé descalço e o sonho de ter uma bicicleta, que veio no Natal, em forma de Monark barra forte.
O primeiro emprego de carteira assinada veio aos 12 anos na Madeireira Gherk… Vender picolé, pastel, e aos fins de semana montar o bolão no Clube do Grêmio. Depois veio o sonho de trabalhar na rádio. E assim, como operador de som na Rádio Peperi, começou a sua jornada de apaixonar-se pela comunicação, fazendo dela o seu instrumento de criar outros brinquedos, os de adulto, no mundo dos negócios. Começou na COTREFAL (hoje Lar Cooperativa Agroindustrial), com as animações dos eventos da juventude rural, até que criou seu próprio negócio e foi empreender como Moacir Produções. Virou locutor, apresentador de TV, garoto propaganda, publicitário, promotor e organizador de eventos, dono de rádio… O sonho de ser homem de negócios veio acompanhado de um desejo forte de participar da mudança da cidade de Medianeira, que ele adotou, e que amava apaixonadamente.
Mas esse foi apenas o pano de fundo da vida do menino materializador de sonhos. Havia os irmãos, os pais, os tios, os primos, a esposa, os filhos, a neta Isabela, os colaboradores e os amigos de uma vida. Esse é o Moa que de fato queremos homenagear.
Quem foi amigo do Moa teve um privilégio ao longo da vida. Cada chimarrão, café, taça de vinho ou cerveja virava uma lição, um conselho, um caminho, uma possibilidade. Falar sobre planos futuros, ouvir os problemas dos outros e dar conselhos era uma rotina que parecia lhe fazer bem. Sempre pronto para um café na Rádio, escolhia xícaras de louça, daquelas grandes de boca larga, porque se a conversa era boa merecia um café demorado.
O Moa também era o irmão que se tornou o pai quando nosso pai faltou! Nem sempre de temperamento fácil, mas jamais de atitude negligente frente às necessidades da família. Para qualquer dificuldade, o Moa sempre era um cais acessível para aportar. Adorava se reunir na mãe para a galinhada, a sopa, o churrasco. Amava cozinhar e estar junto de todos. Mas sobretudo amava a simplicidade das coisas do cotidiano.
O Moa tinha uma disposição invejável para projetos difíceis, obras complexas e eventos gigantes. Enxergava oportunidade em tudo, até quando ninguém mais via. Não acertava sempre, mas cada acontecimento ruim levava a um novo contexto de realidades possíveis. Não desistia de nada, e para todas as coisas que se dispunha a realizar, tinha nos olhos o mesmo brilho do menino que fazia pernas de pau para os irmãos brincarem.
Todos nós que convivemos com o Moa, temos ao menos uma história incrível para contar, e é isso que o faz se eternizar.
Amou muito. Se deu por inteiro. Nunca se economizou. E não poderia ser diferente para alguém que era tão grande que não cabia em si. Deve agora estar lá em cima convencendo Deus a montar uma arena para fazer uma festa no céu…
Descanse em paz, nosso sempre e eterno Moacir Hanzen!
Marcia Hanzen