Natal 2020: “Aprecie, sem aglomeração”

Leia as orientações da médica infectologista Dra. Flávia Trench para aproveitar o fim de ano em tempos de pandemia!

Foto: Ilustrativa/Reprodução internet

Dezembramos, nossos corações e mentes começam inevitavelmente a trabalhar numa outra frequência e nós brazucas imaginamos: festas da firma, da faculdade, da turma do futebol e em seguida lá vem os planos para a ceia de Natal, que é o dia da família e mais planos para o Ano Novo, reservado para os amigos e para nossos afetos menos “republicanos”, mas, contudo, entretanto, todavia é 2020, o ano que jamais esqueceremos e que futuramente descreveremos para os ainda não nascidos – Foi o ano da Pandemia. Eu estava lá, foi o ano em que eu nasci, eu casei, eu me separei, eu me formei, eu conheci teu pai, seu avô morreu, a Laura foi batizada, a Marcela operou o apêndice.

Assim como no 11 de Setembro ou no dia em que o Brasil foi desclassificado da Copa em 1982, ou da morte do Airton Senna todos nós lembraremos exatamente onde estávamos e o que fazíamos neste ano.

O ano da Pandemia, que eu já estou chamando de Pandem , porque a intimidade me permite ou de Pandem -ônio , porque ela merece ser chamada assim.

PAHHH, que texto zoado! Começa falando de festa e agora vem falar de Pandemia? Ninguém mais aguenta e nem que falar mais disso, a gente quer viajar, receber visita, conhecer o neto, visitar os pais, ir pra praia, ir pro sítio, ‘Mimmmm deixaaaaa,sua chata”!

Pois, é, chata, chata mesmo, chatíssima.

Igual mãe quando fala: não vai beber demais, cuidado no trânsito, leva o casaco. Aquele conselho xarope, na hora que a gente só quer sair para o mundo celebrar, se divertir e esquecer que existem problemas, que existe vírus, que os hospitais estão lotados e muita gente não vai ter Natal e nem Ano Novo porque vai ter que dobrar escala de serviço e que se os casos persistirem crescendo em janeiro vai ser complicado ampliar os leitos de UTI e mais complicado ainda ter profissionais tecnicamente preparados e suficientemente descansados para trabalhar e isso tanto faz se você está sendo atendido pelo SUS ou se você tem convênio ou pode pagar particular.

Pois bem, cenário descrito, todo mundo bem ciente do #REAL e # OFICIAL, o que nós podemos fazer para salvar minimamente nossa sanidade mental e ter alguns encontros sem ter necessariamente que acabar comendo capim pela raiz em 2021 ou ficar morrendo de culpa por ter levado a doença para dentro de casa e causado dano irreparável ou a morte de quem a gente ama?

REGRA UM– Avalie seu risco e daqueles com quem você vai se reunir para verificar se tem alguém: acima de 65 anos, obeso, portador de doença crônica, gestante ou crianças menores de 5 anos. Estes são os indivíduos com maior chance para adoecimento grave e morte pela COVID – 19.

Se vocês acharem que tem pessoas nestes grupos avaliem juntos se o risco compensa, se não dá para empurrar este reencontro mais um pouco.

Se for inevitável passe para a regra 2.

REGRA 2 – Tente reduzir ao máximo o grupo para a Ceia de Natal/Festa de Ano Novo e os que vão participar que reduzam seus encontros não essenciais de 7 a 14 dias antes das festas ( sim, eu sei , este texto está saindo nos 40 minutos do segundo tempo!)

REGRA 3 – Dê preferência para locais abertos e bem ventilados em que as pessoas possam ficar a mais de 2 metros umas das outras.

REGRA 4 – Use máscara, ou ao menos coloquem máscara em quem é de maior risco.

REGRA 5- Distribuam dispensadores de álcool gel por todos os lados e compre um álcool gel que preste, senão ninguém usa, não seja mão de vaca na hora de cuidar da sua saúde. Tem uns de espuminha e com hidratante que são maravilhosos. Pode até dar de lembrancinha festiva.

REGRA 6 – Jantar é a americana, cada um higieniza as mãos, se serve e vai comer bem longe um do outro. NADA DE SENTAR TODO MUNDO NA MESA COM A NONNA. Deixa só ela e o vô na mesa. Antiguidade é posto!

REGRA 7 – Todo mundo vai beber, daí a tendência é esquecer de tudo isso, então os que são de maior risco que fiquem espertos e se cuidem porque se der ruim é pro lado de vocês que a água entorna.

REGRA 8 – Não compartilhem talheres, pratos e copos. Olho vivo nas crianças, que são naturalmente generosas e desprendidas nestes quesitos.

REGRA 9 – Se no dia da festa estiver com algum sintoma, por mínimo que seja, NÃO COMPAREÇA. Os sintomas principais são: febre, dor de garganta, tosse seca, dor de cabeça. Teve dúvida se é um sintoma ou não? NÃO VÁ!

REGRA 10- Se teve contato com um caso suspeito ou sabidamente positivo para COVID 19 nos 14 dias que antecederem a festa– NÃO COMPAREÇA.

REGRA 11- EVITE ABRAÇOS, BEIJOS E APERTOS DE MÃO. NADA DE JOGAR PÊRA, UVA, MAÇA, SALADA MISTA!

Fazendo tudo isto bem direitinho conseguiremos nos reunir com razoável segurança e aumentar a garantia de que este não será o último Natal da Vó Terência e do tio Juca.

Neste texto usei como referência o material  “Plano de convivência: orientações para o final de ano ” disponibilizado pela FIOCRUZ no link  https://portal.fiocruz.br/coronavirus/material-para-download

Dra. Flávia Trench

CRM 12550 – PR

Infectologista

Professora Assistente do Curso de Medicina da UNILA

Sem filiação partidária, apenas um espírito livre sem nenhum apreço por regimes totalitários de qualquer ordem!!!!

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