Bolsonaro pretende implantar projeto para criação de tilápia no Lago de Itaipu

A proposta é implantar o programa de tanque-rede, já utilizado para a criação de Pacu. Especialistas questionam projeto.

Foto: Rubens Fraulini - Itaipu Binacional

O presidente Jair Bolsonaro anunciou em suas redes sociais na última terça-feira, 08, que pretende lançar um projeto para a criação de tilápia no Lago de Itaipu. A ideia foi corroborada pelo secretário nacional de Pesca e Aquicultura do Ministério da Agricultura, Jorge Seif Júnior. Segundo o presidente, a ideia é utilizar outros lagos, além da Itaipu, formado por hidrelétricas para produção do peixe.

“O Brasil possui 73 lagos de hidrelétricas sob administração federal que podem servir para o cultivo de até 3,9 milhões/ton/ano”, postou Bolsonaro. Seif Júnior completou: “Hoje, todo o Brasil produz 320 mil toneladas/ano. O potencial, somente de Itaipu, é de 400 mil ton/ano ano. O potencial, somente de Itaipu, é de 400 mil ton/ano.

A proposta é implantar o mesmo sistema que já existe na Itaipu para a criação de Pacu, o chamado tanque-rede. Em 2015, a produção anual era de 140 toneladas de pescado, que representava 10% da produção do reservatório, com geração de renda declarada de R$ 750,00 por tanque-rede/ano.

Polêmica

Este modelo de cultivo em lagos como o da Itaipu causa debates sobre a produção de tilápia. De acordo com uma reportagem do Portal O Joio e o Trigo, o tanque-rede não garante controle sobre os peixes, que frequentemente escapam e migram para outros locais. A tilápia, que é de origem africana, é um peixe exótico no Brasil.

“A tilápia é um bicho agressivo, é topo de cadeia: onde chega, quer se instalar. Ela causa desequilíbrio nos ecossistemas”, diz Guillermo Estupinan, biólogo e pesquisador da Wildlife Conservation Society (WCS), ONG que desenvolve projetos voltados à conservação no Brasil.

Não é que a tilápia seja uma espécie carnívora e mate outros peixes para sobreviver. Na realidade, é uma espécie onívora, que acaba dominando alguns ambientes por ser altamente adaptável, de rápida reprodução e resistente. Um estudo realizado por Mário Orsi, biólogo que pesquisa invasões biológicas há 26 anos na Universidade Estadual de Londrina, constatou que, após a instalação de tanques de tilápia em um rio barrado, 11 das 14 espécies nativas foram extintas.

“A tilápia é uma das dez espécies mais invasoras no mundo e com graves consequências quando se torna invasora em outros ambientes. Nos sistemas de tanques-rede, por exemplo, somos totalmente contra, já que há escapes em 100% dos criatórios”, afirma Orsi.

O estado do Paraná lidera com folga o ranking da produção de tilápia no Brasil, chegando a 123 mil toneladas anuais. Atrás estão São Paulo (69.500 t.), Santa Catarina (33.800 t.), Minas Gerais (31.500 t.) e Bahia (24.600 t.), que juntos produzem cerca de 70% de toda tilápia nacional.

Com informações de o joio e o trigo.

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