Cova, lápide, homenagens… líder do tráfico que matou policial no Paraná simulou a própria morte e forjou RG no Uruguai

O homem é suspeito de liderar uma organização criminosa internacional envolvida no tráfico de cocaína.

Uma cova com lápide e homenagens de despedida. Documentações com atestado de óbito e publicação em jornais paraguaios. Hernandes Oliveira da Silva, o Mike, líder do tráfico internacional, pensou em tudo para tentar despistar a Polícia Civil do Paraná. Mas a operação que parecia ter sido um sucesso, acabou frustrada esta semana. Mike foi preso em Montevideo usando o  nome falso de Ruan Cortes da Silva, um brasileiro nascido no Pará. Procurado pela Interpol, o líder do tráfico é apontado como mandante da morte do do ex-policial Samir Skandar, em novembro de 2019, em Curitiba.

“Ele fez um esquema de simulação muito bem feito. Com altíssimo poder econômico, o suspeito preparou homenagens póstumas, com lápide no cemitério e tudo mais com o único objetivo de nos enganar para que acreditássemos que havia falecido. Mas, ainda com estas evidências, colocamos o nome dele na Interpol e a prisão ocorreu no Uruguai”, disse a delegada Thatiana Guzella, da DHPP.

Documentos apontam que Mike teria morrido em decorrência de “infarto por insuficiência respiratória”, no dia 22 de junho deste ano, em Assunção.

Mike era o último procurado pelo assassinato de Samir Skandar, o porteiro Alvari de Paula Silva,  que estava com Samir, além de ser suspeito de ter ordenado o assassinato do sérvio Marjan Jocic. Ele foi preso, no Uruguai, por agentes do Departamento de Capturas Internacionais da Interpol.  Com o suspeito foram encontrados mais de 64 mil dólares e 126 mil pesos uruguaios, que convertidos totalizam aproximadamente R$351,3 mil.

Motivo da morte de Samir

De acordo com as investigações, Mike deu uma ordem para Samir e ele não cumpriu. A ordem seria sequestrar e matar uma pessoa apelidada de Papa-léguas. Uma mensagem de celular mostra a ordem dada ao ex-policial.

“Já tínhamos a informação que o Samir não obedeceu a ordem do Mike de sequestrar e matar o Papa-léguas. Isso levantou suspeitas. Foi então que descobriram que o Samir foi policial. E ele ainda disse que não era ex-policial e sim que continuava como policial. Dois dias depois ele foi morto”,a firmou a delegada.

Mike havia sido preso em Santa Catarina no início do ano, mas foi solto por um erro judiciário. Como havia mandado de prisão ativo, passou a ser considerado  foragido.

Mike é suspeito de liderar uma organização criminosa internacional envolvida no tráfico de cocaína. Ele foi capturado em Canelones, cidade litorânea a 40 quilômetros da capital Montevideu, e apresentou documentos falsos aos agentes uruguaios, mas foi reconhecido pelas fotografias divulgadas. Com a verificação das impressões digitais, sua verdadeira identidade foi comprovada.

Na terça-feira (20), a Polícia Rodoviária Federal (PRF) prendeu o comparsa de Mike, o croata Luka Maric, de 28 anos. A prisão aconteceu na BR-116, em São Paulo. Os dois eram procurados pela Interpol.

Entenda a trama

Uma trama que envolve o tráfico internacional de drogas, o desaparecimento de um esloveno e a morte de ao menos três pessoas em Curitiba, entre elas um ex-policial civil. O esquema, que serviria facilmente de base para o enredo de uma série policial, foi desvendado pela Polícia Civil do Paraná (PCPR), após oito meses de investigações. Mike, chefe da organização internacional e o gerente dele, Luka Maric,  que moravam em Camboriú (SC) e teriam dado as ordens das execuções, estavam foragidos, mas agora estão presos.

A investigação da PCPR começou com a morte do ex-policial civil Samir Skandar e seu funcionário Alvari de Paula Silva. Eles foram assassinados com vários disparos no dia 9 de novembro de 2019, em um barracão no Bairro Alto, em Curitiba. A partir deste duplo homicídio, a polícia descobriu que Samir foi morto porque a organização de tráfico internacional de cocaína, da qual fazia parte, descobriu que ele tinha sido policial.

Segundo a polícia, o principal suspeito de ter executado Samir e o funcionário dele, Alvari, que foi morto apenas por estar ao lado do ex-policial, seria o sérvio identificado como Marjan, encontrado morto dias depois, com o corpo boiando em um lago em Campo Magro, na região metropolitana.

Fonte: Banda B

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