Proporção de analfabetos cai para 6,6% em 2019; ainda há 11 milhões sem ler no país

A média de anos de estudo da população brasileiro também avançou de 8,9 para 9,4, mas passou de dez anos no Sudeste.

De 2018 para 2019, a taxa de analfabetismo no Brasil caiu de 6,8% para 6,6% da população acima de 15 anos. Mas isso significa que o país ainda tinha cerca de 11 milhões de pessoas que não sabiam ler ou escrever, apesar de já terem passado da idade comum para o aprendizado.

E, de acordo com os dados divulgados nesta quarta-feira (15) pelo IBGE, este também é um problema regional e de raça. Mais de 56% das pessoas nessa situação viviam no Nordeste e, enquanto a taxa de analfabetismo entre os brancos cai para 3,6%, entre os negros, ela sobe para 8,9% e passa de um quarto da população preta ou parda com mais de 60 anos.

Mas, de maneira geral, os índices mostram redução das taxas com o passar dos anos. Em 2016, a proporção de analfabetos em todo o Brasil era de 7,2% e passava de 20% no caso das pessoas acima de 60 anos, chegando a 30,7%, considerando apenas a população negra idosa. No entanto, como explica a analista do IBGE Adriana Beringuy, isso não ocorreu com a intensidade planejada.

O suplemento sobre Educação da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) mostra ainda outro desafio para o Brasil alcançar a erradicação: o crescimento da taxa conforme aumenta a faixa etária, passando para 11,1% entre as pessoas com 40 anos ou mais, e chegando a 18%, quando se considera apenas a população com mais de 60 anos, o que equivale a 6 milhões de pessoas, mais da metade do total de analfabetos do país.

De acordo com o IBGE, isso comprova que, com o passar dos anos, a maioria dos brasileiros passou a obter instrução na infância, mas também comprova a necessidade de de instruir, na idade adulta, quem não teve a oportunidade de estudar quando era criança.

O vendedor Onofre chegou a cursar a primeira série na infância, mas, no meio da segunda, aos 8 anos, precisou sair para trabalhar e ajudar a sustentar a família. Ele até recebeu a alfabetização básica, mas tinha dificuldades para se expressar e para compreender o que lia, e sofria discriminação por isso. Então, aos 46 anos, com a vida estabelecida e os filhos criados, concluiu que tinha chegado a hora de voltar a ser aluno.

Onofre é a prova de que erradicar o analfabetismo é apenas o primeiro passo já que mais da metade dos brasileiros acima de 25 anos não havia completado a educação básica em 2019, incluindo os 32,2% que tinham apenas o ensino fundamental incompleto.

E, novamente, as desigualdades pioram esse quadro, já que 57% dos brancos concluíram até o ensino médio, versus 41,8% dos negros. E essa proporção, que chegou a 54,5% no Sudeste, ficou abaixo de 40% no Nordeste. Entre as boas notícias, o percentual de pessoas com ensino superior completo, passou de 15,3% para 17,4% em três anos.

A média de anos de estudo da população brasileiro também avançou de 8,9 para 9,4, mas passou de dez anos no Sudeste, e chegando em 10,4 entre as pessoas brancas. Mas ficou em  apenas 8,1 anos no Nordeste e 8,6, entre a população preta e parda.

Rádio Agência Brasil

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