Em resposta ao Ministério Público, prefeitura de Cascavel descarta lockdown

Cascavel chegou a 1.439 casos e confirma 25 mortes por Covid-19. Cidade tem a segunda maior incidência de morte por milhão de habitantes no Paraná.

Manaus 15 04 2020 O Amazonas contabiliza mais de 1,4 mil casos confirmados de Covid-19 e 90 mortes no período de 1 mês. A pandemia foi registrada pela primeira vez no estado, em 13 de março Enterro de dona Esther Melo da Silva no cemitério Parque Tarumã, em Manaus( Foto: Amazônia Real)

A Prefeitura de Cascavel protocolou na noite desta terça-feira (16) a petição de resposta ao cumprimento de intimação que havia sido solicitada pelo Ministério Público, qual pede à Justiça, a adoção do lockdown – fechamento completo – em Cascavel. Na segunda-feira, 15, o Ministério Público protocolou um pedido para que a Justiça determinasse imediatamente o lockdown na cidade de Cascavel.

Resposta da Prefeitura

Conforme o documento, a Prefeitura avalia que as medidas tomadas até o momento devem amenizar o aumento de casos, solicitando que a Justiça não atenda o pedido do MP. A administração também contesta os dados apontados pelo Ministério Público, que estariam embasando o pedido de restrição.

O Município de Cascavel, através da Secretaria de Saúde NÃO corrobora com os apontamentos do Ministério Público sugerindo a aplicação de período restritivo mantendo apenas serviços essenciais no período de 10 a 21 de junho, uma vez que, desde o dia 26 de fevereiro a Secretaria de Saúde tem realizado o monitoramento diário da situação, inclusive com a ativação do COE – Centro de Operações de Emergência nesta data, que vem se reunindo semanalmente ou sempre que necessário para discussão dos assuntos relacionados a saúde nesta pandemia.

No documento, o procurador da Prefeitura, Luciano Braga Cortes, destaca que a prefeitura está avaliando semanalmente, inclusive com a inclusão do COE (Centro de Operações de Emergência), as taxas de confirmações por Covid-19 e também a utilização de leitos de UTI Adulto, para tomar as medidas necessárias para a semana sequente.

Para a classificação RISCO ALTO não se enquadram as medidas de restrição manifestadas pelo Ministério Público, que não usa ou indica nenhum argumento científico, estatístico, técnico ou coerente para tal afirmação, uma vez que, baseia-se em estáticas de um matemático que parte de premissa errada para alcançar usa conclusão, sem que sejam analisados dados como o número de recuperados, a taxa de letalidade, a taxa de pacientes que agravam, entre outros, o que serve, com o devido respeito, somente para gerar desconfiança e medo junto a sociedade.

Ainda conforme a resposta, a administração destaca como lamentável e infeliz a afirmação de que o Município de Cascavel seria responsável por colapsar o sistema de atendimento na macrorregião Oeste.

Em relação à afirmação, o documento traz alguns tópicos que rebatem a afirmação do Ministério Público:

– Cascavel NÃO está sob Gestão Plena do Sistema Municipal, e que a organização de leitos hospitalares é de responsabilidade Estadual, conforme mencionado no preâmbulo desta petição;

– O Sistema de Saúde Público é organizado por regiões e Cascavel é parte dela, seja para receber pacientes de outras cidades; seja para enviar pacientes para outras cidades, conforme mencionado no preâmbulo desta petição;

– Antes mesmo da pandemia, Cascavel sempre teve uma taxa de ocupação de leitos de UTI adulto de aproximadamente 100%, e não é difícil encontrar nas mídias as informações de que pacientes aguardavam nas UPAs por dias até que uma vaga de UTI ou leito de enfermaria fosse liberado pela Central de Regulação de Leitos;

Confirmando afirmações anteriores, a Prefeitura destacou na resposta ao Ministério Público que, se fosse necessária a adoção de medidas drásticas, como o lockdown, elas também deveriam ser repassadas aos demais municípios da 10ª Regional de Saúde.

Por fim, todo o arrazoado do Ministério Público é que, mesmo recebendo o maior número de pacientes de todas as regiões, somente Cascavel deve tomar medidas drásticas de distanciamento e restrições do comércio, enquanto as demais cidades nenhum ônus sofreram ou sofrerão, o que, com a devida vênia, é uma violação aos princípios da isonomia, além de ser desproporcional e não atender a razoabilidade. Mesmo que Cascavel adote coercitivamente medidas rígidas de distanciamento social, e não haja paralisação de forma regional, a contaminação continuará a se expandir, tendo pacientes de outros municípios utilizando o sistema de saúde público em Cascavel.

Confirmando que não realizará a concessão da tutela antecipatória requerida pelo MP, o documento também destaca que a saúde econômica do município não deve ser negligenciada pelo Poder Público, pois também faz parte da saúde pública. A Petição foi anexada ao processo que seguirá sob a análise e conclusão do Juiz.

Incidência de morte por milhão de habitantes

Na tarde desta quarta-feira (17) a prefeitura divulgou mais um boletim especificado sobre a situação do Coronavírus. De ontem (16) para hoje, foram confirmados mais 83 casos, chegando a 1.439 pessoas contaminadas pelo Covid-19.

Nos dados específicos, há a incidência de óbitos para casa um milhão de habitantes, considerados que a Capital do Oeste já tem 25 óbitos confirmados pelo vírus.

Nesta análise, considerando municípios com mais de 100 mil habitantes, Cascavel é a segunda cidade do estado com maior registro de óbitos. Londrina lidera o quesito, sendo seguida por Cascavel, Piraquara, Curitiba e Pinhais.

Já a taxa de letalidade, considerando o número de casos confirmados equiparado ao número de óbitos, o município tem o índice de 1,7%, sendo um dos mais baixos do Estado, considerando municípios com mais de 100 miul habitantes.

Fonte: CGN

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