Caminhoneiros reclamam de novos horários de trânsito na Ponte da Amizade

O novo horário foi implantado pela Receita Federal na última semana para melhorar a logística das fiscalizações e agilizar o trânsito dos veículos.

Foto: Catve

Desde segunda-feira, 01,  o cruze dos caminhões pela Ponte Internacional da Amizade está sendo realizado em novos horários, conforme tabela abaixo:

Com a mudança, o horário de entrada das importações aumenta uma hora por dia. Em compensação o trânsito dos veículos em lastre fica suspenso aos sábados. Os horários também foram separados por tipo de veículo. Podem entrar no Brasil no período da manhã apenas os caminhões carregados e no período da tarde e da noite apenas os caminhões em lastre. O horário de trânsito das exportações não foi alterado. Continua das 08 h às 17 h, de segunda a sexta para os caminhões carregados e de segunda a sábado para os veículos em lastre.

Segundo a Receita Federal, a média de passagens de caminhões pela Ponte Internacional da Amizade, do Paraguai para o Brasil, era de 50 caminhões por hora.  Com o novo horário, o trânsito diário será de 350 caminhões carregados e 450 caminhões em lastre, um total de 800 caminhões por dia.

Reclamações de caminhoneiros

No entanto, apesar da melhoria no meio de semana, o novo horário prejudicou os caminhoneiros aos sábados, pois eles ficam impossibilitados de retornar para o Brasil. Com isso, os caminhoneiros que chegarem em Ciudad del Este após o último horário na sexta, terão de esperar até segunda-feira a tarde para poder cruzar a Ponte da Amizade.

“Os motoristas acabam tendo que ficar em filas intermináveis no lado paraguaio, sem condições de higiene, sem alimentação correta, colocando em risco a saúde” salientou a diretora Executiva da Associação Brasileira de Transportadores Internacionais – ABTI, Gladys Vinci em entrevista à Rádio Cultura. Segundo Vinci, a reclamação foi apresentada para a Receita Federal. “Nós questionamos a Receita, mas eles informaram que entenderam que o fluxo ficou melhor pra eles, e que não ficou ruim” disse Gladys.

Mas, ela destaca que o novo horário afeta economicamente os transportadores. “Eles (Receita) não entendem que uma coisa é o fluxo de caminhão carregado e outra diferente é o caminhão vazio. O vazio não ingressa no Porto Seco, vai direto para o transporte. Eles não tem como mensurar o custo dessa operação. A gente que trabalha com o transporte em si sabe quanto é oneroso deixar o motorista parado três dias. Ele vai ter que carregar o caminhão novamente somente na terça-feira, e se ele fizer uma viagem para Assunção por exemplo, ele vai poder fazer somente uma viagem por semana. Isso inviabiliza economicamente” explicou Gladyz.

Receita Federal

A Rádio Cultura entrou em contato com a Receita Federal, que não quis gravar entrevista. Porém, em nota, informou que os horários de liberação de caminhões não serão alterados porque há horário suficiente para o retorno diário ao Brasil de, em torno, de 540 caminhões vazios, sendo que menos de 300 saem carregados. Além disso, afirma que “não há problemas com a liberação dos veículos”.

A Receita informou também que o Porto Seco, onde há estrutura para os motoristas, está com espaço vazio e poderia receber mais caminhões. A nota acrescenta ainda que os motoristas estão passando por uma dupla fiscalização do lado de lá da fronteira, tanto pelos agentes aduaneiros quanto pela Marinha Paraguaia. Portanto, não há justificativa plausível de que o horário seja o problema.

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