Policiais de Santa Terezinha presos apreendiam mercadorias e revendiam pela internet

Investigação iniciou em 2018 após denúncias de compristas que tiveram mercadorias apreendidas.

O Promotor de Justiça Tiago Lisboa Mendonça concedeu entrevista coletiva na manhã desta terça-feira, 10, para explicar a Operação Desviados, que prendeu 10 policiais lotados na Delegacia da Polícia Militar de Santa Terezinha de Itaipu. De acordo com o Mendonça, os policiais realizavam a apreensão de mercadorias de contrabandistas e depois vendiam pela internet. Organização criminosa também tinha participação de civis.

“Os policiais abordavam compristas ou contrabandistas e na maioria dos casos apreendiam as mercadorias e desviavam. Algumas vezes eles ficavam com toda a mercadoria, e em outras ocasiões ficavam com parte dela, fazendo a devolução de uma parte para a Receita Federal” explicou Mendonça. Ainda de acordo com o promotor, a mercadoria desviada era dividida entre os policiais que faziam parte do esquema.

“Essa mercadoria desviada era dividida entre os membros da organização criminosa, os policiais, e outra parte era encaminhadas a terceiras pessoas, civis, e essas pessoas se encarregavam de fazer a revenda dessas mercadorias” relatou o promotor. Ele informou também que a revenda era realizada pela internet.

“Ficou constatado que eles utilizavam a internet, Mercado Livre e outros sites para promover a venda dessas mercadorias. O valor angariado dessa venda era repassado aos membros da organização criminosa, especialmente aos policiais” afirmou.

Segundo Tiago Mendonça, as investigações começaram em outubro de 2018. “Essa Operação é fruto de uma investigação que durou mais de um ano, pra ser exato, um ano e dois meses. Ao longo desse período diversas diligências investigatórias foram realizadas e que culminaram na data de hoje com a deflagração desta investigação” contou.

O promotor disse que ainda não foram levantados os detalhes sobre qual teria sido o valor movimentado pela organização criminosa, mas já se sabe que os policiais tinham patrimônio e movimentação financeira que não era compatível com a renda deles. “Nessa oportunidade nós não temos condições de quantificar, de definir questão de valores, mas já sabemos que os policiais eles apresentavam uma movimentação financeira e patrimonial incompatível com a renda” destacou.

Segundo as informações do promotor as investigações iniciaram após denúncias de contrabandistas. “Eu não posso dar detalhes, por que ainda está em sigilo, mas é comum nós recebermos esse tipo de denúncia e por óbvio as vítimas, embora contrabandistas, não deixam serem vítimas” disse o promotor.

Foram presos 10 policiais, todos lotados em Santa Terezinha de Itaipu. Entre eles, os dois policiais que já tinham sido presos em agosto desse ano transportando mercadorias na viatura da Polícia Militar. Além dos policiais, dois civis também foram presos e um terceiro civil não foi encontrado e é considerado foragido. Também foram realizados 26 mandados de busca e apreensão.

O Gaeco não divulgou o nome dos policiais presos. Eles foram encaminhados ao 14° batalhão da Polícia Militar.

A Operação desencadeada nesta terça-feira, 10, já havia sido anunciada em julho pelo Secretário de Segurança Pública do Paraná, Coronel do Exército Rômulo Marinho Soares. Na ocasião ele havia anunciado que maus policiais na região de Foz estavam identificados.

Além dele, o coordenador geral de combate ao crime organizado, do Ministério da Justiça, Wagner Mesquita disse em entrevista à Rádio Cultura que combater a corrupção nas forças policiais era fundamental.

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