Governo anuncia remanejamento do Ensino Médio noturno para diurno

Extinção do Ensino Médio noturno deve ser gradual. Em 2020, 100 mil vagas serão oferecidas, número menor do que as ocupadas atualmente.

Colégio Estadual Euzébio da Mota no bairro Boqueirão em Curitiba. Curitiba, 14/05/2019 - Foto: Geraldo Bubniak/ANPr

A Secretaria de Estado da Educação e do Esporte vai ampliar em mais de 20 mil o número de vagas para o Ensino Médio no período diurno para o ano letivo de 2020. A maior oferta vai possibilitar que mais estudantes tenham opção entre um dos dois turnos, o que hoje não é possível devido à fila de espera por vagas no diurno. A medida será possível graças ao remanejamento de vagas ociosas no período noturno, que registra redução de matrículas e índice de abandono elevado.

Um amplo estudo realizado pela secretaria estadual sobre o aproveitamento do Ensino Médio diurno e noturno a partir do Censo Escolar mostrou que os índices de abandono são muito superiores no período da noite. Em 2018, por exemplo, enquanto no período diurno 3,6% dos estudantes abandonaram os estudos, no noturno esse índice chegou a 17,7%.

Em consequência, o número de matrículas para o período também tem caído – em 2015 foram 129 mil matrículas e o ano passado 102 mil. “Observamos que a procura pelo ensino noturno tem caído e, além disso, o índice de abandono é alto. A média dos últimos anos foi de 18%. Diante disso e considerando que temos fila de espera por vagas no diurno, fizemos o remanejamento das vagas. A medida atende uma demanda da comunidade e, ainda, tem efeito direto sobre o abandono escolar”, explica o diretor de Planejamento e Gestão Escolar, Renan Compagnoli.

MAIS QUALIDADE – Além do potencial para a redução do abandono e de ampliar o atendimento nas escolas durante o dia, turno para o qual há fila de espera, o remanejamento de vagas do noturno para o diurno traz também benefícios pedagógicos para o estudante que muda de horário. Os índices de aprovação também indicam o melhor aproveitamento do Ensino Médio diurno: 85% de aprovação contra 65% no noturno.

De acordo com a secretaria, em termos de desenvolvimento pedagógico e grade curricular, o estudante do período diurno dispõe de mais tempo de aula e de maior diversidade de atividades extraclasse, como aulas e projetos desenvolvidos no contraturno.

“O simples fato de o aluno ter mais tempo de convívio com os professores já é um fator positivo. Significa mais tempo de aula, mais aprendizagem. O ensino noturno, idealmente, é uma exceção. Deve ser garantido para aqueles que não têm outra opção, que necessitam trabalhar durante o dia”, avalia o diretor de Educação da secretaria, Raph Gomes Alves.

FUTURO MELHOR – O combate ao abandono escolar e às consequências futuras decorrentes motivou a medida, uma vez que a baixa escolaridade está diretamente ligada à empregabilidade e remuneração. Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD 2018), do IBGE, mostram que a remuneração média de quem possuí o Ensino Médio completo é 34,5% maior do que aquela de quem não concluiu.

A Relação Anual de Informações Sociais (RAIS 2018), do Ministério da Economia, aponta que a remuneração de uma pessoa que concluiu o Ensino Superior é 253% superior ao salário recebido por alguém que não completou o Ensino Médio.

Vagas do período noturno serão replanejadas

Para 2020, ainda serão oferteadas 100 mil vagas para o Ensino Médio regular no período noturno para o ano letivo de 2020. A definição de quantas vagas serão ofertadas é parte de um amplo trabalho de planejamento escolar realizado todos os anos pela Secretaria de Estado da Educação e do Esporte.

Em 2019, a Secretaria estudou a demanda por vagas no noturno que contemplem a necessidade daqueles jovens que trabalham durante o dia, seja na condição de aprendiz, seja como trabalhador formal – caso tenham mais de 16 anos. As vagas disponíveis no período noturno serão ocupadas, preferencialmente, por alunos com esse perfil.

“A Educação e o Governo estão atentos ao fato de que há jovens que trabalham. Não queremos que esse jovem deixe de estudar por conta disso, pelo contrário. Por isso, fizemos um bom mapeamento da demanda por vagas e procuramos garantir essas 100 mil vagas para o período noturno”, afirma o secretário da Educação, Renato Feder.

A disponibilidade de vagas não significa que todas serão ocupadas, considerando que o número de matrículas no período tem diminuído ano a ano. Ainda assim, a Secretaria da Educação oferta as vagas, que devem ser ocupadas preferencialmente por estudantes que trabalham durante o dia.

AEN

 

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