As mulheres vão salvar o rock n´roll

Organização do Mega Rock aposta em representatividade e homenageia a figura feminina no underground

De Patty Smith às Mercenárias. A imprescindível presença feminina no palco atravessa gerações e estabelece ano a ano sua marca dentro da história do rock. Para voltar as atenções a elas, a organização do Mega Rock também traz uma homenagem a importante figura do universounderground, Cherry Taketani, vocalista das bandas Okotô, Hellsakura e Nervochaos, falecida em 2017, uma força feminina potente e representativa. 
 
“Nossa preocupação está em abrir e garantir esse espaço sem a preocupação de gênero dentro da música, mas sim de representatividade”, garantiu Rodrigo Monzon, um dos organizadores do evento. 
 
Além de lembrar a presença marcante de Cherry, outras bandas trazem à linha de frente, vocais femininos. A baixista Clare Misstake, da banda do Richie Ramone (USA), o vocal poderoso da vocalista Blanky, da banda Pray For Me (PY) e Eleonora Kaklamani do Warhammer (Grécia). 
 
Bandas locais também contarão com a presença e força de musicistas talentosas, como a guitarrista Tatiane Cristina da banda Bronca, da vocalista Érica Freitas da banda Mad Old Rockers e da banda High Heels que conta com  Lia Vieira nos vocais e Brunna Kirnev na guitarra.
 
Há quem diga que a participação feminina nos palcos, especialmente à frente de bandas de rock foi conquistada a custa de muito talento e insistência. “Acredito que o sexismo no meio do rock seja um reflexo do que acontece em diversos outros setores da nossa sociedade, no entanto o que podemos observar é que ao longo dos anos ele vem diminuindo (devagar) e aos poucos, através da iniciativa de mulheres que acabam ganhando destaque no meio musical e servindo de exemplo para outras mulheres e futuras gerações”, comenta Lia Vieira, da High Heels. 
 
Para Blanca Soledad Cabañas, vocalista da Pray For Me do Paraguai, o caminho não foi diferente. “Na verdade muitos homens músicos e parte do público é machista e menospreza seu trabalho, basicamente por ser mulher”. No contraponto, o jogo vira quando Blanca solta a voz num poderoso gutural. “Da mesma forma há muita gente que apoia e fica surpresa de ver uma mulher no palco fazendo metal”, comenta. Blanca acredita que a perseverança é a melhor resposta às críticas. “Acho que não importa muito o que os outros pensem, porque nossos sonhos são mais importantes diante de qualquer opinião. Entrar no mundo do rock foi verdadeiramente fabuloso”. 
 
Lia, acredita que a participação feminina é necessária e representativa. “O rock era inicialmente machista e dominado por homens, no entanto por conter a essência “revoltada contra o sistema”, as mulheres também passaram a dominar o seu espaço, questionando temas de cultura machista ou misógina, levantando bandeiras de empoderamento feminista, entre outros, recheadas de atitude, boas letras e dominando microfones, guitarras, baixos, baterias e teclados, tão bem/ou melhor do que os rapazes (sorry guys)”.
 
O desafio não passa apenas por mandar bem no palco, serem dedicadas, ou talentosas, elas também precisam encarar uma inimiga ainda maior; a objetificação. “Falam que fulana é gorda, ou canta com voz irritante e daí chegam nas roupas, na saia curta que usamos para nos promover, coisas que os meninos nunca escutam, um machismo clássico. ”, lembra Lia. 
 
Tatiane Cristina, do Bronca tem memórias nada doces do início de carreira. “A gente escuta sim, que não sabe o que tá fazendo, mas acho que com o tempo quem disse, engole as palavras. Se a gente se empenha, estuda, aprende e vai com vontade, nada segura, é uma oportunidade”.
 
Contra a língua ácida, elas sobem ao palco e esquecem de tudo o que fica nos comentários que não acrescentam conhecimento, ou apoio. “Quando as críticas são relacionadas às técnicas, são válidas, no entanto críticas voltadas apenas para o gênero, pelo simples fato de ser uma mulher, precisa sim, ser repensada, ser mais empático”, desabafou Lia. 
 
Para Tati, as mulheres encaram de uma maneira diferente o desafio. “Rock é para todos, mas as, mulheres tem o sagrado feminino, nosso instinto, cuidado e criatividade. Temos grande força, e a hora, é agora”.
 
Inspiradas, talentosas e cheias de atitude, elas estarão no palco do MegaRock e transmitem um aviso em alto e bom som: garotas, tomem seu espaço no palco e salvem o rock and roll.
 
O MegaRock é um evento realizado pela Fundação Cultural de Foz do Iguaçu, Prefeitura Municipal, com participação direta da Secretaria Municipal de Turismo, Industria, Comércio e Projetos Estratégicos. O evento tem patrocínio do Blue Park, Eletromil e O Trem Bala instrumentos musicais. A edição deste ano conta com o apoio do Foztrans, Guarda Municipal, Polícia Militar, Polícia Civíl, Polícia Rodoviária Federal e com as parcerias da União dos Motociclistas de Foz do Iguaçu, Antigos Foz, Coletivo Underground e Hotéis Candeias.
Assessoria PMFI
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