Assassino confesso da estudante Martina vai a julgamento

Começa ao meio dia desta quinta-feira (30), o julgamento de Jeferson Diego Gonçalves, de 33 anos, assassino confesso de Martina Piazza Conde, de 27 anos, estudante da Unila, morta em março de 2014, em Foz do Iguaçu. Devido a reforma no Fórum de Justiça, o júri popular acontece no auditório da Polícia Civil, na Avenida Paraná.

O crime que chocou a comunidade iguaçuense, tomou repercussão internacional. Martina era uruguaia e veio à Foz do Iguaçu estudar, após conseguir uma vaga na Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila).

Estudante de antropologia, Martina era conhecida na comunidade acadêmica pela atuação em projetos culturais e de política de gênero. Amigos lembram que a uruguaia era conhecida pela alegria, determinação e engajamento, na busca por uma sociedade latino-americana mais justa e humana.

Ela fazia parte do grupo de maracatu Alvorada Nova, além de diversos outros projetos e oficinas culturais, entre eles a Casa do Teatro, onde atuava ativamente. Um de seus últimos trabalhos foi a atuação em um curta-metragem produzido por estudantes do curso de Cinema e Audiovisual da Unila. Também era uma ativista de direitos humanos e do feminismo – foi organizadora da primeira Marcha das Mulheres em Foz do Iguaçu.

O crime

Martina foi vista pela última vez no dia 2 de março de 2014, logo após ter se apresentado no carnaval da cidade com o grupo de maracatu. Após seu desaparecimento, amigos, familiares e a comunidade universitária se mobilizaram para tentar localizá-la, mas o corpo da jovem foi encontrado apenas no dia 6 de março.

Imagens da câmera de segurança do prédio onde Martina foi encontrada denunciaram o acusado, que acabou, posteriormente, confessando o crime.

O laudo do Instituto Médico-Legal (IML) apontou que a estudante morreu em decorrência de asfixia mecânica provocada por “estrangulamento e enforcamento por fio elétrico”. O acusado será julgado por homicídio qualificado.

Acusado

Após encontrar o corpo da estudantes, a polícia iniciou as investigações, descobrindo que o principal suspeito pelo assassinato era Jeferson Diego Gonçalves. Foragido, a polícia começou uma busca por toda a região.

Jeferson foi encontrado cinco dias depois andando pela BR 277, Nova Laranjeiras (PR). Preso, Jeferson contou em primeiro depoimento à polícia, que matou a estudante para um “sacrifício espiritual”. Na época, o delegado do caso, Marcos Araguari, disse que o depoimento, que durou três horas, era cheio de contradições.

“Tentou justificar a conduta misturando religiões. Falou que recebeu um conselho espiritual para matar a vítima como uma oferenda. Quando foi preso, disse que estava indo para um santuário em Paranaguá a pé pagar uma promessa para uma santa católica”, apontou.

No decorrer das investigações, a polícia concluiu que Jeferson inventou a história de “sacrifício”.

Esta semana, os pais de Martina vieram à Foz do Iguaçu para participar de homenagens e acompanhar o julgamento. Colegas e professores de Martina farão uma vigília no local do julgamento, pressionando o júri e a justiça por uma condenação.

Dante Quadra/Rádio Cultura Foz

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