Dia conturbado: MST acampa em STI e se reúne com autoridades em Foz

A semana começou conturbada para o prefeito de Santa Terezinha de Itaipu, Cláudio Ebehard. Integrantes do Movimento dos Sem Terra, MST, levantaram acampamento na praça central da cidade.

Nesta manhã de segunda-feira, 04, houve o boato de que Movimento teria ameaçado invadir a sede da prefeitura. No entanto, liderança do MST, Andreia, negou a informação e disse que o objetivo é apenas conversar com o prefeito, “mas está sendo difícil, pois ele se cercou de policiais e fechou as portas da prefeitura.” Segundo a assessoria do prefeito, por cautela, o prefeito solicitou que a prefeitura fosse fechada.

O motivo das ações do MST é que o movimento ocupou, há três semanas, área da fazenda Santa Maria, que é de propriedade particular. Os invasores argumentam que a terra foi comprada com dinheiro “Lava Jato”. Por outro lado, os advogados dos proprietários da fazenda negam qualquer relação com a operação Lava Jato e reforçam que os proprietários possuem a posse legal das terras há décadas. A justiça já determinou a reintegração de posse da área. Os proprietários aguardam o cumprimento pela Polícia Militar. Lideranças do movimento afirmam que não pretendem deixar a área ocupada. Para chamar a atenção, o Movimento iniciou o dia entregando panfleto com o pedido de apoio à população da cidade.

Além da terra, Andreia ressalta que o movimento reivindica também por direitos renegados como: saúde e educação. A líder ressalta que o MST não tem como objetivo a violência, “só queremos uma solução pacifica. A população pode ficar tranquila, pois estamos apenas lutando por nossos direitos”. Finalizou.

Em entrevista, o prefeito de STI, Cláudio Ebehard, disse compreender a manifestação. “Este é um episódio inédito na nossa cidade, mas acredito que tudo poderá ser resolvido de forma pacifica. A manifestação é parte da democracia e é preciso respeita-la”. Finalizou.

Sobre as reinvindicações de saúde e educação feitas pelo Movimento, o prefeito disse que até o momento nenhuma liderança oficial do MST o procurou para conversar. Segundo o prefeito, as reivindicações são válidas, mas não no cenário atual em que se encontra o movimento: em uma terra particular.

O Assessor Especial Para Assuntos Fundiários, Hamilton Seriguelli, também acompanha toda a situação. Seriguelli observou que a situação é delicada, mas que é preciso se resolver o mais rápido possível. Sobre a acusação do MST de que um dos proprietários estaria envolvido na Operação “Lava Jato”, o assessor contou que já foi enviado um documento ao Juiz Sergio Moro solicitando informações. Seriguelli destaca que no governo Beto Richa todos os assuntos envolvendo o MST foram resolvidos de maneira pacifica.

Quem está mediando as negociações é o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária do Paraná, INCRA. O Superintendente, Nilton Bezerra Guedes, descreve essa situação como sendo diferenciada de outras ocupações do MST. “Existe uma denúncia de irregularidade envolvendo o título da área e isso, de certa forma, motivou a ocupação. Estamos fazendo o estudo legitimidade do título obtido pelo proprietário, mas ainda não foi concluído”. Explicou.

Nilton adianta que o proprietário da fazenda Santa Maria já adiantou que não tem o interesse de vender a terra e pede a desocupação imediata da área.

Reforma Agrária

Sobre a questão agrária, Nilton disse que está pacifica. Segundo ele, num contexto de 500 mil propriedades, apenas 80 estão ocupadas pelo MST. Para o INCRA, o dado é baixo e positivo. Nilton conta que nos últimos anos, a quantidade de área ocupada é mínima. A maior ocupação de terras no Paraná acontece no município de Quedas do Iguaçu no qual três mil famílias continuam acampadas em uma terra. No total, 12 mil famílias ocupam terras particulares no estado do Paraná.

REUNIÃO EM FOZ:

Na tarde desta segunda-feira, 04, às 14h, lideranças do Movimento dos Sem Terra estiveram na Câmara Municipal de Foz onde participaram de uma reunião com o Prefeito de Santa Terezinha de Itaipu, Representante do INCRA/PR, forças policiais, Ministério Público, Governo do Estado e com o proprietário da fazenda invadida.

A imprensa não foi autorizada a acompanhar a reunião. Nem mesmo o presidente da Casa, vereador Fernando Duso e outros vereadores puderam acompanhar. Após pouco mais de quatro horas de reunião, as lideranças saíram sem uma solução. O Movimento afirmou que vai continuar acampado na fazenda. E representantes do Governo e do INCRA disseram que vão procurar outras soluções para o problema.

Nenhuma ocorrência foi registrada pela polícia.

 

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