Abel admite decepção na saída do Inter

Abel Braga ainda digere a saída do Inter. Depois de cumprir o contrato até o fim da temporada 2014, viu-se em meio a um processo eleitoral no clube e optou por não negociar a renovação. Com propostas dos Emirados Árabes, admitiu, em entrevista ao jornal O Globo, decepção com a forma como deixou o clube pelo qual foi campeão do mundo, em 2006. As informações são do jornal Zero Hora.

“Mágoa, não. Decepção. Até o dia que esperei por uma definição, eu fiquei decepcionado. Se eu fico esperando um ou outro dizer: “Vem cá, quer ser o treinador?”, eu não me programo. E eu tinha propostas! Mas não é assim. Não posso deixar decidirem o meu futuro. Falei que não ficaria mais, fiz os jogos que restavam e terminamos em terceiro, em um dos meus melhores trabalhos até hoje” declarou.

Abel avaliou que teve sucesso na relação com o Inter, sobretudo pelas dificuldades de adaptação que técnicos de fora do Rio Grande do Sul têm, na opinião do treinador.

“Todo mundo sabe que existem tradições. E o gaúcho é um povo espetacular, mas que se acha como os caras da Espanha, os bascos, que se acham diferentes, que o Rio Grande do Sul é um país diferente. Mas eu me adapto melhor ao estilo deles, que é organizado, profissional, do que aos dos times que trabalhei no Nordeste. Talvez, seja o sangue europeu” disse.

O treinador afirmou ainda que confia no potencial colorado para chegar ao título do Brasileirão.

“Muito (obsessão colorada pelo Brasileirão). Mas vai acontecer de ganhar, porque têm condições.”

Abel admitiu que recebe propostas dos Emirados Árabes — e cogita voltar ao Oriente Médio no meio do ano.

“As mais fortes, agora, são as dos Emirados Árabes. Chegam mensagens a toda hora pelo “WhatsApp”. Mas não quero agora, só em julho, porque é complicado pegar um trabalho que você não começou. (As propostas) Estavam surgindo quando começou o papo se eu ficava ou não no Inter, que estava em processo de eleição para presidente. Então, achei melhor não falar nada, porque me pediram e porque eu não queria ser cabo eleitoral de ninguém. Isso me prejudicou. Fora isso, os times mudaram pouco.”

O treinador fez críticas à atuação da imprensa durante suas passsagens pelo Beira-Rio.

“Eu não gosto de mentira. Nem que levem para o lado pessoal. Por exemplo: o (Wianey) Carlet sempre me rejeitou. Quando o Fernando Carvalho foi ao programa (Sala de Redação, da Rádio Gaúcha), perguntou a ele qual treinador seria bom para o Inter. O Carlet não respondeu… É pessoal, então? Mas o jornalista precisa medir, saber quem é esse cara, que ganhou títulos importantes. No Sul, há diferença de tratamento, sim. Sou colorado, mas respeito o Grêmio, sua torcida e os dirigentes que lá estão. Mas há um peso diferente. Exemplo: quando perdemos de 3 a 0 para o Vélez Sarsfield na Argentina (na Libertadores de 2007), um jornal de Porto Alegre publicou a manchete: “Vexame”. O Grêmio também perdeu de três, dias depois, para um time porcaria da Colômbia (Cúcuta, 3 a 1, na mesma competição) e o mesmo jornal escreveu “Tropeço”. Vexame para tropeço é coisa para caramba.”

Rádio Gaúcha

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