Horário eleitoral deste ano tem boa audiência na TV

Apesar de contestado pelos eleitores e até pelos próprios políticos, o horário eleitoral gratuito ainda desperta um interesse significativo entre a população brasileira em geral, e paranaense em particular. Dados divulgados pelo Ibope na semana passada apontam que na Grande Curitiba, a audiência da televisão cai aproximadamente em média 25% após o início da propaganda política, mas ainda mantém níveis superiores a muitos programas tradicionais. Na última sexta-feira, depois de duas semanas do início da propaganda gratuita, a audiência do programa eleitoral noturno no Paraná começou com 33,1 pontos – somada a pontuação das cinco emissoras de TV aberta – e no meio do horário, às 21 horas, caiu para 24,8 pontos.

O número é superior à média da novela que tem a principal audiência da TV. Em 2014, cada ponto corresponde a 65.201 domicílios e 193.281 indivíduos na região da Grande São Paulo; 39.600 domicílios e 109.982 indivíduos na Grande Rio de Janeiro.

Segundo pesquisa Datafolha, 42% dos eleitores diz não ter interesse na propaganda eleitoral. Segundo o mesmo levantamento, outros 33% dos eleitores entrevistados tem ‘pouco’ interesse despertado pela propaganda gratuita. A audiência do horário eleitoral no Brasil costuma ser em “formato de ‘U’” – começa alta, com grande número de espectadores, abaixa no decorrer da segunda semana, e, tanto no rádio como na TV, volta a subir nos últimos dias, atingindo o maior número de pessoas do período de transmissão.

A aparente rejeição de parcela da população à propaganda política levou alguns partidos e candidatos a questionar sua eficácia e até sua existência nas eleições deste ano no Paraná. O PSOL, por exemplo, estreiou na TV sem sequer exibir inicialmente candidatos a deputado federal e estadual do partido. No lugar, a legenda veiculou mensagens contestando a seriedade da propaganda política, e ironizando os clichês desse tipo de programa.

Na semana passada, o candidato ao Senado na chapa de Gleisi Hoffmann (PT) ao governo, Ricardo Gomyde (PCdoB), passou a pregar o fim do horário eleitoral, ao mesmo tempo em que atacava o adversário, senador Álvaro Dias (PSDB). Gomyde disse que as propagandas eleitorais estão sendo “desvirtuadas da finalidade de informar o eleitor”.

O horário eleitoral surgiu em 1962 e se consolidou em 1965 com a proposta de anunciar e apresentar os candidatos dos dois partidos existentes – Arena e MDB. Segundo o cientista político Emerson Cervi, o objetivo era maquiar a “ditadura” de “democracia”. Cervi defende a manutenção da política como um todo para resolver o descontentamento popular com a propaganda. Para ele, a proposta dos candidatos de “acabar” ou “reformar” o horário prejudica os políticos e a democracia.

O principal problema para Cervi é a maneira como são feitas as coligações e o número de partidos políticos no Brasil. Os candidatos que são contra o horário eleitoral fazem isso por desconhecimento do sistema político ou oportunismo eleitoral. “O que tem que resolver é o problema das coligações, mas isso não está sendo colocado pelo Gomyde – falar sobre o fim do horário eleitoral na propaganda é soltar balão se ensaio pra aparecer um pouco mais; o candidato que defende isso é de um partido grande e tem votos de partido pequeno; isso é um cálculo racional”, desconfia.

Fonte: Bem Paraná

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