Opinião: Douglas Dias fala sobre o desfile da Tom Maior

Por Douglas Dias

Depois de tanta especulação sobre quanto foi pago, por quem e para quem, a escola de samba Tom Maior “regeu” a sinfonia das águas brilhantemente no sambódromo paulistano.  A agremiação da comunidade do Sumaré levou o enredo “Foz do Iguaçu: destino do mundo. Sinfonia das águas em Tom Maior”, que alinhavou com leveza a lenda das cataratas e outras características da cidade.

Contrariando a predileção do Marcos Campos, diretor-geral da escola, que dias atrás disse que o tema daria sorte à escola, a Tom Maior começou mal o desfile, com sérios problemas em duas das grandes alegorias. O carro abre-alas – que nos 17 metros de comprimento representava as cataratas – quebrou o eixo e quase não entrou. Ou melhor, entrou na marra. Empilhadeiras foram trazidas sei lá de onde, e em tão pouco tempo, para suspender a alegoria e dezenas de homens, do grupo apoio à diretoria – empurram o carro avenida adentro. Como se não bastasse, o segundo carro também teve problemas. Superação e raça marcaram o desfile da escola que, sem correria, porém com muita tensão e dose extra de nervosismo, conseguiu cruzar a linha amarela no final da passarela, sem estourar o tempo.

Diferentemente do que se esperou, não houve nada de pejorativo na ilustração do enredo. A tão criticada e polêmica muamba, um dos destaques do enredo, virou motivo de comentários bem-humorados, como o do ator da Rede Globo, Ailton Graça, que confessou já ter sido muambeiro e brincou: “Já trabalhei com comércio exterior”.

Ainda sobre a muamba, como contar a história dos cem anos de Foz do Iguaçu, sem falar sobre a dita cuja? Ela está incrustada. Quem não se lembra dos anos 1980 e 1990, quando a cidade recebia mais de 400 ônibus de muambeiros, diariamente. Tem muito hoteleiro, hoje bem-sucedido, que começou a fazer fortuna graças aos dez cruzados ou cruzeiros (sei lá que moeda era na época) que os “compristas” pagavam para depositar “as bagagens” ou “o vintão” pago pelo banho para seguir viagem no bate-volta.

Os comentaristas da Rede Globo, Chico Pinheiro (que, aliás, tinham dito que ele seria substituído por Márcio Canuto) e Monalisa Perrone até que se saíram bem para quem não conhecia ao pé da letra a Lenda das Cataratas. Com script na mão, com exceção de um fora ou outro da moça, deram conta de narrar o que passava em frente à cabine da emissora. Lógico que nenhum dos dois ousou pronunciar “M’boi”, trocando a palavra pela expressão “aquela serpente”.

Pinheiro até mencionou o Carnafalls, falando que se trava do carnaval de rua que acontecia na Avenida Duque de Caxias e que, em outras palavras, além de familiar, era bastante animado. Citou ainda as características geográficas da fronteira com a Argentina e Paraguai.

Em resumo, penso que se foi pago – bem provável que sim – foi um bom investimento. A Tom Maior, mesmo com um baita perrengue (termo bastante carioca) traçou lindamente um perfil de Foz do Iguaçu. Detalhe, não somente para o Brasil inteiro e sim para o mundo, pela Globo Internacional.

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